O impasse dos Estados Unidos com a empresa chinesa ByteDance ganhou novos capítulos esta semana. A popular plataforma de compartilhamento de vídeos TikTok, propriedade da chinesa ByteDance, tem sido alvo de preocupações em relação à segurança de dados devido à lei chinesa de inteligência nacional que obrigaria as empresas chinesas a entregarem dados ao governo para qualquer finalidade para segurança nacional. Há também preocupação de que Pequim possa tentar promover narrativas pró-China ou informações falsas por meio da plataforma. O congresso americano analisa agora uma proposta de lei que daria ao presidente americano o poder de banir a plataforma do país.
Hoje cedo, o CEO da TikTok, Shou Zi Chew, foi interrogado por um comitê do Congresso dos Estados Unidos sobre as questões de segurança. Legisladores republicanos e democratas escrutinaram conjuntamente a plataforma, que possui mais de 150 milhões de usuários americanos, com o objetivo de restringir o poder da rede social e posicioná-la como uma empresa de influência chinesa, interessada em lucrar em cima da saúde mental e pessoal de seus usuários.
“a ByteDance não é um agente da China ou de qualquer outro país”
Shou Zi Chew, CEO at TikTok
Em resposta, o CEO insistiu que a ByteDance não é uma “agente da China ou qualquer outro país”, afirmou que a plataforma prioriza a segurança do usuário e negou ser um risco a segurança nacional e pessoal . No entanto, os legisladores americanos foram céticos e questionaram Chew sobre as práticas de moderação de conteúdo da empresa e como ela planeja proteger os dados dos usuários americanos.
Desde 2019, o TikTok tem sido acusado de censurar conteúdo considerado politicamente sensível pelo governo chinês. O aplicativo também tem enfrentado críticas em relação a conteúdos que encoraja usuários a causar mal a si mesmos ou a cometerem suicídio. Em resposta, a plataforma afirmou que tem cerca de 40.000 moderadores que rastreiam conteúdo prejudicial, além de um algoritmo que detecta material perigoso.
No entanto, a empresa tem tentado se distanciar de suas raízes chinesas, afirmando que 60% da ByteDance é de propriedade de investidores globais, como o Carlyle Group. Além disso, a empresa ofereceu um plano de US$1,5 bilhão para armazenar dados de usuários americanos em servidores mantidos pela Oracle, localizados no Texas, Estados Unidos. Sob o “Projeto Texas” como é chamado, o acesso aos dados americanos é gerenciado por funcionários dos EUA por meio de uma entidade separada com o nome de TikTok U.S. Data Security. Desde o mês passado a empresa vem deletado o histórico dados de usuários americanos de outros servidores que não controlados pela Oracle e afirma que deve concluir todo o processo ainda esta ano.
Apesar dos esforços da empresa para se adequar às regulamentações dos Estados Unidos, o governo americano não parece estar convencido. O governo tem considerado várias opções, incluindo a possibilidade de forçar a Apple e Google de remover o TikTok de suas lojas de aplicativos, forçar a venda por parte dos acionistas chineses, ou mesmo o banimento em todo o território americano, embora não exista precedentes para isso e não estar claro como o governo o faria. Vários países, como o próprio EUA, Dinamarca, Canadá, Reino Unido, Nova Zelândia e a União Europeia, já proibiram o TikTok em dispositivos de funcionários do governo.
A situação é complexa devido a rivalidade geopolítica que tem aflorado nos últimos meses. Se o governo dos Estados Unidos proibir o uso do TikTok, a China pode retaliar contra as empresas americanas com operações no país, como Apple e Microsoft, sem contar com a escalada da tensão entre os dois países que acusam um ao outro de espionagem.
O TikTok é uma plataforma importante no mercado musical. A plataforma tem sido responsável por lançar sucessos como “Old Town Road” de Lil Nas X e “Beggin” do da banda italiana Måneskin. A plataforma também tem parcerias com várias gravadoras e a proibição do TikTok nos Estados Unidos poderia afetar negativamente a indústria musical e os artistas que dependem da plataforma para divulgar seu trabalho.
No momento, ainda não está claro como a situação vai se desenrolar, mas é evidente que os próximos capítulos serão importantes para a indústria da música.
