Tendências emergentes de Inteligência Artificial no mercado da música em 2024

Conheça as ferramentas que estão mudando o jogo do music business

A indústria da música está passando por uma revolução impulsionada pela inteligência artificial (IA), com inovações que abrangem desde algoritmos de recomendação até a criação de música e conteúdo visual. Em 2024, as tendências indicam que a IA está cada vez mais integrada em todos os aspectos do ciclo de vida da música, desde a composição até a distribuição, transformando radicalmente a forma como artistas criam, promovem e monetizam sua arte. E, consequentemente, como os fãs recebem esses novos conteúdos.

A inteligência artificial segue sendo vista com muita desconfiança pelos setores criativos, já que as ferramentas que conseguem gerar conteúdo podem servir como trampolim para a extinção de empregos, funções ou mesmo precarização de algumas profissões. No entanto, em pouco tempo de uso de IAs generativas como o ChatGPT, já ficou claro que esses recursos se estabeleceram de vez em uso amplo na sociedade, seja para fazer um cálculo ou para criar um plano de marketing detalhado. A saída é, portanto, usá-los como aliados.

Aqui no Music Business Review, você entende como algumas das principais funções da inteligência artificial estão se firmando como tendências para o mercado da música ao longo do ano:

O algoritmo está on

O algoritmo não é novidade, mas ele nunca esteve tão bem treinado. Um dos avanços mais notáveis é o aprimoramento das recomendações de música. Plataformas de streaming como Spotify e Apple Music estão utilizando IA para personalizar ainda mais as descobertas, levando em conta o histórico de audição, preferências individuais e até mesmo o contexto do usuário. Isso não apenas melhora a experiência do ouvinte, mas também aumenta o engajamento e a fidelidade dos usuários.

Por outro lado, a sensação de que o algoritmo está sendo usado para vender outros produtos ou ampliar o alcance das faixas promovidas dentro das plataformas vai se tornar cada vez mais palpável este ano. Afinal, os serviços de streaming têm a faca e o queijo na mão e podem usar o conhecimento de cada usuário para levá-lo a clicar nas canções que pulam na tela ou mesmo inseri-las automaticamente nas suas filas de reproduções. De certa forma, a ideia de que o algoritmo está ali para atender aos gostos do usuário cairá em segundo plano.

Inteligência artificial na criação de músicas

Imagem de freepik

No início da popularização do ChatGPT, não foram poucos os compositores que recorreram à ferramenta para que ela imitasse o estilo dessa banda ou daquele cantor, com resultados risíveis. Não mais. 

A IA vem se tornando, cada vez mais, uma ferramenta poderosa na criação de música. Programas de composição estão ganhando popularidade entre músicos e produtores, permitindo a geração rápida de ideias musicais, harmonias e até mesmo letras. 

Essas ferramentas não substituem a criatividade humana, mas sim a complementam, oferecendo novas perspectivas e possibilidades para os artistas explorarem. São, principalmente, um caminho para sair do ócio e da inércia. 

Depois de todos nos divertirmos ouvindo um vocalista de rock cantando sertanejo, agora é agora de elevar as possibilidades a outro patamar. Ferramentas gratuitas, como SongStarter e AIVA, são poderosos geradores de ideias para compor. 

Processos automatizados

A inteligência artificial oferece uma gama de oportunidades para automatizar processos burocráticos e simplificar tarefas administrativas para músicos, desde o registro de novas canções até a distribuição e promoção em plataformas digitais.

A IA pode agilizar significativamente o processo de documentação e proteção dos direitos autorais. Algoritmos de IA podem ser empregados para analisar e categorizar automaticamente elementos musicais, como letras, melodias e arranjos, facilitando a identificação de obras originais e a criação de registros precisos. Além disso, sistemas baseados em IA podem ajudar os músicos a gerenciar suas obras, fornecendo lembretes automáticos para renovação de direitos autorais e monitoramento de uso não autorizado.

No que diz respeito à distribuição de músicas em plataformas digitais, a inteligência artificial pode desempenhar um papel fundamental na otimização do processo. Sistemas podem analisar as tendências do mercado e o comportamento dos usuários para recomendar as plataformas de distribuição mais adequadas e desenvolver estratégias de lançamento personalizadas. Além disso, algoritmos de IA podem automatizar o processo de envio de músicas para múltiplas plataformas, garantindo uma presença abrangente e consistente.

Quanto à promoção e marketing de lançamentos musicais, a IA oferece uma variedade de ferramentas e recursos para maximizar o alcance e o impacto. Algoritmos de IA podem analisar dados de streaming e redes sociais para identificar tendências emergentes e público-alvo relevante. Com base nessa análise, podem gerar planos de divulgação personalizados, incluindo a segmentação de audiências, seleção de canais de marketing e criação de conteúdo promocional. Além disso, a inteligência artificial pode ajudar a monitorar o desempenho de campanhas de marketing em tempo real, permitindo ajustes rápidos e refinamentos para otimizar os resultados.

No Brasil, uma iniciativa pioneira partiu da distribuidora Shake Music, que criou a própria ferramenta para auxiliar na criação de um plano de marketing consistente para artistas emergentes. As possibilidades são muitas.

Novas fronteiras para a arte

A IA está otimizando a performance de aplicativos que tornam acessível gerar designs, artes e até vídeos. Isso abre muitas frentes para artistas na música, em especial os independentes, que precisam ser os seus próprios designers e diretores de clipes. A aplicação dessas ferramentas se torna cada vez mais uma realidade, à medida que produtos gratuitos, como o Sora, da Open AI, são revelados ao grande público.

As funções são múltiplas: algoritmos de geração de imagens e vídeos estão sendo usados ​​para criar capas de álbuns, vídeos promocionais e conteúdo visual para acompanhar a música. Isso não apenas simplifica o processo de criação, mas também oferece novas maneiras de os artistas expressarem sua visão criativa por meio de visualizers, lyric videos e mais.

Quais são as implicações da IA na música?

Imagem de freepik

À medida que a inteligência artificial se torna onipresente na indústria da música, questões éticas e legais ganham destaque, exigindo uma análise cuidadosa e um debate amplo.

Uma das principais preocupações éticas diz respeito à autenticidade e originalidade artística. Com o uso de algoritmos de composição, há o risco de que obras criadas por IA possam ser percebidas como menos autênticas ou mesmo como plágio. Isso levanta questões sobre quem é o verdadeiro criador da música e como os direitos autorais devem ser atribuídos. O reconhecimento adequado da contribuição humana no processo de criação musical se torna essencial para preservar a integridade artística e garantir uma distribuição justa dos royalties.

Além disso, o uso de IA na recomendação de música suscita preocupações sobre privacidade e manipulação do comportamento do consumidor. Os algoritmos que analisam o histórico de audição dos usuários podem coletar uma quantidade significativa de dados pessoais, levantando questões sobre como essas informações são armazenadas, compartilhadas e protegidas. Além disso, há o risco de que os algoritmos possam criar bolhas de filtro, limitando a diversidade de experiências musicais e reforçando preconceitos e estereótipos.

Do ponto de vista legal, surgem desafios relacionados à responsabilidade e regulamentação. Quem é responsável por obras criadas por IA? Como são aplicadas as leis de direitos autorais e propriedade intelectual em um cenário onde a criatividade é compartilhada entre humanos e máquinas? Essas questões exigem uma revisão das legislações existentes e a elaboração de novos frameworks legais que reflitam a dinâmica em evolução da criação musical.

Além disso, a falta de transparência nos algoritmos de IA levanta questões sobre equidade e justiça. Como os algoritmos são treinados e quais dados são usados para alimentá-los? Existe o risco de viés algorítmico que pode perpetuar injustiças sociais e discriminação? É crucial garantir a transparência e a prestação de contas dos sistemas de IA para promover uma indústria da música mais inclusiva e ética.

Como todos esses debates são muito recentes, ainda não vimos todos os seus desdobramentos. Enquanto artistas usam as ferramentas que até certo ponto os beneficiam, cabe aos países atualizar suas legislações para lidar com todas as questões levantadas pela IA e suas implicações profissionais, na educação, na esfera jurídica e mais. No Brasil, a lei que rege os direitos autorais completou 25 anos em 2023 e precisa de uma renovação urgente. 

Uma coisa é certa: a inteligência artificial continuará causando repercussões por onde passar, e não há profissão ou função criativa que não será afetada por ela.

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